sábado, 24 de maio de 2008

Meu nome é Hilário!

Muitos me perguntam por que meu nome é Hilário, outros cantam “hilariê”, já outros perguntam se sou casado com a “graça”. Nunca fiquei irritado ou chateado com isso. Quando minha filha tinha dois anos a música da Xuxa fazia o maior sucesso e sempre que eu chegava em casa ela começava a cantar para mim: “escuta pai tua música, escuta, canta comigo”, dizia ela em sua inocência feliz. Foi assim que eu passei a gostar da música, não pela música propriamente dita, mas pelo fato dela ter se tornado um canto de minha filha em minha homenagem.
Bem, meu nome sempre me intrigou. Como uma semi-analfabeta morando no sertão nordestino foi descobrir logo esse nome? Perguntava-me.
Certo dia, resolvi perguntar a minha mãe porque ela me deu esse nome. Sua resposta me surpreendeu. Primeiro meu nome deveria ser Ignácio, homenageando meu bisavô paterno. Depois porque nasci no dia de Santo Ignácio de Loiola e minha mãe sempre teve motivos para colocar o nome do santo do dia em seus filhos, pois é católica praticante. Mas então por que Hilário? Ou melhor, por que Antônio Hilário? Novamente a religião falou mais alto. Entenda por que.
Na localidade em que nasci todos os contemporâneos nasciam de parto natural feito por uma parteira e quando uma criança estava envolvida pelo cordão umbilical, “laçada”, como se diz na zona rural nordestina, tinha por tradição fazer a promessa de colocar o nome de Antônio ou Antônia, conforme o sexo. Assim Santo Antônio abençoaria a mãe e a criança e o parto seria normal, sem nenhuma complicação. Daí o Antônio. E Hilário, como justificar? Bem, como toda católica da época, minha mãe tinha o calendário com todos os santos para cada dia do ano. Ela descobriu que o dia 11 de janeiro é reservado a Santo Hilário, um Papa que foi beatificado. Mas isso só não era motivo suficiente. Ela procurou saber o significado do nome e deparou-se com alegria. Era tudo que esperava.
Meu nascimento era esperado com muita ansiedade, pois sou o primeiro neto, tanto por parte dos avôs maternos quanto dos avôs paterno e sendo o primogênito de meus pais, não poderia haver alegria maior. Daí Antônio Hilário. Eu preferia que fosse apenas Hilário, mas aceito como é, afinal os motivos podem não parecer nobres aos olhos de estranhos, mas me parecem dignos à cultura e ao amor que meus pais sempre demonstraram por mim.
E agora se quiser pode cantar “hilariê” a vontade.

3 comentários:

Bolinho de Arroz disse...

histori legal mas longa..vc seria um otimo escritor

Unknown disse...

- nada foi por acaso. o Tio Hilário tem uma boa históriia pra contar meesmo \o>
saudade de suas implicancias, sem graça! ;*

Laelia disse...

Hilário, hilario desse jeito, e há quem acredite em acaso.
Parabéns pelo texto, meu eterno professor de laboratorio :)
abraços!